Gaiolas, Mónica. (2010). Ernesto O Menino com Gaguez em Família. Coisas de Ler: Lisboa

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A Fala




A fala é das actividades motoras mais complexas que o ser humano tem de executar. Requer um controlo fino dos processos fisiológicos, estendo-se dos pulmões até aos lábios (Brown, Ingham, Ingham, Laird, e Fozx, 2005). É também um instrumento privilegiado da comunicação, servindo de suporte ao pensamento e intimamente ligado às emoções. Todos os seres humanos normais possuem esta capacidade que se atualiza através do sistema formal e social que é a língua. (Guitar, 1998; Ingham, Warner, Byrd, e Cotton, 2006). A língua é uma forma particular de linguagem, um "sistema de signos vocais, que podem ser transcritos graficamente, comum a um povo, a uma nação, a uma cultura e que constitui o seu instrumento de comunicação". A fala, sendo a concretização das unidades formais da língua, torna-se a sua própria expressão.


Temos então a fala como o meio priviligiado de acesso à comunicação em todas as sociedades. É o vínculo comunicativo imposto por estas a cada bebé que nasce. Através da fala, a criança estabelece relações interpessoais que contribuirão ao longo da vida para a construção da sua identidade. (Gaiolas, 2010)

Os vários tipos de gaguez e as maravilhas da terapia!





Gaguez clónica
 Caracterizada pela repetição compulsiva de uma sílaba no início da frase ou quando se está a pronunciá-la.

Gaguez tónica
         É caracterizada por bloqueios no discurso provocados por espasmos de vários músculos envolvidos na fonação que impedem a articulação da palavra.

Gaguez mista
         De acordo Casanova (1997) este é o tipo de gaguez mais comum na população gaga, uma vez que tem características de ambos os tipos de gaguez: tónica e  clónica.
 Existe em cada paciente todo um universo - único, singular - que deve ser compreendido e respeitado pelo terapeuta (Soo-Eun Chang, Ph.D., 2011)

The King's Speech

Existem muitas formas de ironia - verbal, dramática, situacional e assim por diante - mas a que certamente se pode aplicar ao rei George VI foi a ironia do destino. Era como se os deuses, ou destino, se estivessem a divertir brincando com sua mente, zombando dos seus fracassos, lembrando-lhe que ele não era muito mais que um mero mortal. Era-lhe, afinal, quase impossível pronunciar a letra 'k', devido à sua debilitante gaguez nervosa. Um destino cruel para um rei.
Ainda mais cruel foi o seu reinado coincidir com uma revolução na comunicação. Pela primeira vez na história britânica, os súbditos podiam ouvir seu monarca a dirigir-se-lhes através dos seus aparelhos sem fio, como se ele estivesse com eles em suas salas.
Mas a tecnologia não permitia a George VI pré-gravar suas transmissões, como seria o caso das gerações que se seguiram. Quando ele se dirigiu à nação, tinha de o fazer através de um microfone ao vivo, sem edição, uma agonia para um gago.

 
 As camadas de ironia não terminam aí. Uma vez que lhe foi dito que o cigarro o poderia ajudar com sua gaguez, George VI fumava - e consequentemente morreu de cancro de pulmão aos 56 anos de idade em 1952. 
 
 
E a maior ironia de todas? Este rei vulnerável e gaguejante provou ser exatamente o homem certo no momento certo.
 

A gaguez que o definiu, e a coragem com que ele a tentou vencer, veio simbolizar a vulnerabilidade do povo britânico numa altura em que se viram sozinho contra a tirania nazi, que dominava o resto da Europa com as suas garras.  


Uma certa solidariedade entre monarca e súbditos surgiu, especialmente quando George VI recusou os pedidos do governo para que ele e sua família se mudassem para a segurança do Canadá.

Fontes:
http://www.telegraph.co.uk/culture/film/8223897/The-Kings-Speech-the-real-story.html
(minha tradução)


Hooper, Tom . (2010). The King’s Speech. UK : UK Film Council/Speaking Film Productions


A gaguez


“A gaguez atinge pessoas de todo o mundo, de diferentes raças e culturas. Em Portugal afecta, actualmente, 100 000 pessoas de todas as idades. Até à data, ainda não se encontrou uma cura para a gaguez. Existem, porém, vários exercícios terapêuticos que, desenvolvidos com o devido apoio especializado, ajudarão a melhorar substancialmente a fala de crianças, jovens e adultos que gaguejem.” (Monica Gaiolas, 2010)